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O trabalhador e o capitalismo no Maranhão

Alcino Vilarins, Gato Félix, Zé JK e Frankle da Costa - militantes da corrente sindical Unidade Classista

"Atransformação contínua da produção, o abalo incessante de todo o sistema social, a insegurança e o movimento permanente distinguem a época burguesa de todas as demais. As relações rígidas e enferrujadas, com suas representações e concepções tradicionais, são dissolvidas, e as mais recentes tornam-se antiquadas antes que se consolidem. Tudo o que era sólido desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profano, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas”.
O texto acima está contido no “Manifesto do Partido Comunista”, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848. Reflete o movimento e os impactos do capitalismo onde se torna o modo de produção dominante.

O Maranhão foi uma das últimas fronteiras agrícolas do Brasil a ser impactada pela ação do capital. Ficou estagnado por várias décadas, tendo forte presença de uma economia camponesa e de subsistência.

Nas últimas três décadas, no Maranhão, assistimos acelerado processo de migração da população do campo para a cidade.

A  “Lei de Terras do Maranhão” assinada em julho de 1969 pelo então governador José Sarneny, a SUDAM financiando os grandes pecuaristas e a grilagem de terras são fatores determinantes para este movimento migratório. Assim os capitalistas matam dois coelhos com uma única cajadada: tem as terras livres para o agronegócio e mão de obra farta e Ao migrarem do campo para a cidade, os ex-camponeses transformam-se em assalariados. Quando não ficam amargando o mundo do desemprego, não se vê arrependimento nesta mudança, pois a vida no campo é dura e estagnada. Na cidade, mesmo que não ocorra, estão com a perspectiva de conseguirem melhores salários, estudo e qualidade de vida. “Melhor a insegurança da cidade que a falta de perspectiva da vida no campo.” Ainda mais no Maranhão, onde as estatísticas apontam que no campo é onde mais se utiliza o trabalho em condições similares ao da escravidão.

Vivemos agora uma nova fase do avanço do capitalismo no Maranhão. Assistimos completa mudança no cenário econômico e da formação social maranhense. Surgem   em   várias    regiões    do     Estado      empreendimentos patrocinados pelo  capital de tonelada/ano de celulose, são necessários 500 mil metros cúbicos/mês de toras de eucalipto. Também segundo a Suzano, nesta fase que envolve construção industrial e formação florestal, empregam aproximadamente 10 mil trabalhadores (
http://ri.suzano.com.br/static/ptb/investimentos.asp?language=ptb).

É um empreendimento capitalista que transforma radicalmente as relações de produção da região. Concentra a propriedade da terra, promove a monocultura, industrializa a exploração dos recursos naturais, acelera a degradação do meio ambiente e a produção é 100% para exportação.


Definitivamente a região se integra ao mercado mundial em um processo iniciado pela Vale do Rio Doce, as Siderúrgicas em Açailândia e Marabá,  o  plantio  de soja em vários municípios e agora a indústria de celulose em Imperatriz.

É importante destacar que todos os empreendimentos são voltados      para       exportação.  No caso da mineração na Serra dos Carajás e o plantio da Soja em vários municípios, são exportados in natura, procedimento típico de país colônia. É um verdadeiro processo de espoliação uma vez que estas commodities deveriam ser industrializadas aqui no Brasil. Temos o absurdo de exportar a matéria prima para produção de ferro e importar da China os trilhos que estão sendo implantados na linha de ferro Norte Sul.

Com esta inserção maciça de capital, definitivamente a maioria absoluta da população tem como único meio de vida a venda da força de trabalho. Inegavelmente é um meio de vida superior ao modo de vida isolado e baseado na economia de subsistência no campo. Mas aí, agora na condição de trabalhadores assalariados, estão todos submetidos às regras do capital, onde quem manda é o capitalista e ao trabalhador cabe apenas obedecer e suar a camisa trabalhando. O capitalista luta para sugar a mais valia do trabalhador como o vampiro persegue suas vítimas para sugar o sangue.

Baseado em empreendimentos voltados exclusivamente para exportação, a economia da região está sujeita a qualquer sintoma de crise econômica a nível internacional. Em um ambiente de crise, sabemos que a primeira medida dos capitalistas será a demissão dos trabalhadores. Isto já ocorre com freqüência nas siderúrgicas de Açailândia e na atual crise da economia européia, milhões de trabalhadores vivem o inferno do desemprego.

Neste cenário de transformações e de avanço do capitalismo não é hora de ficarmos olhando a vida pacata, mas estagnada do campo, com saudosismo. O grande avanço promovido pelo capitalismo é potencializar e coletivizar a produção. O câncer que deve ser extirpado é a exploração dos trabalhadores e a propriedade privada dos meios de produção. O caminho é a unidade dos trabalhadores na construção de uma sociedade socialista, rumo ao comunismo.

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